O mesatenista e presidente da Associação Nova Era de Tênis de Mesa de Bauru fala sobre conquistas e objetivos para 2015

Você já definiu suas metas para 2015? O ano que se inicia já está traçado para o mesatenista Cláudio Massad: “Estou em 18º do mundo na Classe 10 e o número 1 das Américas. Estou muito feliz com esse ranking, mas não estou satisfeito. Eu acredito, sim, que é totalmente possível melhorar o ranking e entrar no top 10, que é meu objetivo até o fim de 2015, ou até mesmo fazer parte do top 5, quem sabe um dia. A caminhada é longa, mas vou andar. Estou muito motivado”, define. Pan-Americano e Olimpíadas também estão no topo das metas do atleta paralímpico.

Aos 29 anos e jogador de tênis de mesa desde os 13, Cláudio conta como o esporte entrou em sua vida e como se tornou prioridade profissional. Presidente da Associação Nova Era de Tênis de Mesa de Bauru, ele também defende com unhas e dentes a modalidade. E afirma: “O tênis de mesa é um esporte muito democrático, onde todos podem jogar, independentemente da sua limitação”. Leia mais, a seguir.

Jornal da Cidade –  Recentemente, você entrou para o tênis de mesa paralímpico, certo?
Cláudio Massad – 
Acabei de entrar na Classe 10 do paralímpico, que é dividido em 11 classes: de 1 a 5 estão os cadeirantes e a Classe 1 abriga os maiores acometimentos físicos. De 6 a 10 são os andantes, onde o 6 reúne os atletas com maior acometimento físico e o 10 é praticamente, como a gente fala, a Classe Olímpica. Na 11 estão os deficientes intelectuais. Eu passei por uma classificação funcional, em outubro, na França. Graças a Deus fui aprovado na Classe 10 e joguei meu primeiro torneio oficial na Costa Rica, onde eu venci o atual número 10 do mundo, um chinês, por duas vezes. Minha maior conquista sobre ele não é nem por ele ser o número 10 do mundo, mas por ser chinês. O que acontece é que a  China domina o tênis de mesa há décadas, tanto no paralímpico quanto no olímpico.

JC – Qual é a sua limitação física?
Cláudio – 
 Eu tive uma lesão no joelho chamada Doença de Blount, que apareceu em 1995. Tive um desgaste ósseo na parte interna da perna esquerda, que cresceu para fora. Em 2001 eu fiz uma cirurgia, mas ainda tenho uma dificuldade, uma diferença de quase três centímetros nas pernas, fora que eu não piso certo e preciso usar uma planilha para ajudar na adaptação da perna. Mas foi graças à lesão que eu consegui chegar ao paralímpico.

JC – A próxima parada será o Pan-Americano?
Cláudio – 
Há uma grande possibilidade e, consequentemente, se eu ficar entre os 12 melhores do mundo, se for campeão individual e participar dos torneios necessários e indicados pela Confederação Internacional dos Atletas, eu posso me classificar, sim, para as Olimpíadas, o sonho de todo atleta.

JC – Quais foram as suas conquistas mais festejadas?
Cláudio – 
Todas as minhas conquistas foram no olímpico. Em 2014, eu fui duas vezes campeão paulista adulto individual, uma vez vice-campeão individual, campeão paulista de  duplas mistas da primeira divisão, vice-campeão paulista de duplas masculinas da primeira divisão, campeão brasileiro do Rating B (graças a isso estou no Rating A: seleto grupo dos melhores jogadores do Brasil). Em 2013, nós fomos campeões dos Jogos Abertos em equipes e no geral da segunda divisão. Também em 2014, ganhamos da toda poderosa Piracicaba, onde o investimento é muito mais alto e a política esportiva é muito mais avançada. Recentemente, nos Jogos Abertos, conquistamos o terceiro lugar em equipes.

JC – Qual é o segredo de um campeão?
Cláudio –
 Eu me dedico muito. Acho que, com toda a modéstia, tais resultados são frutos do meu trabalho e do trabalho de todos os profissionais e patrocinadores que estão envolvidos comigo e todos os nossos atletas companheiros e minha família, além da Secretaria Municipal de Esportes.

JC – Sobre o incentivo ao esporte…
Cláudio – 
Eu acredito que Bauru melhorou muito nos últimos anos, mas ainda tem muito o que melhorar: precisamos ter política esportiva, bolsa atleta… Isso não só em Bauru, mas em São Paulo e no Brasil. Nosso maior problema não é ter bons atletas, e sim bons técnicos. Além disso, o Brasil é competitivo em todas as categorias até os 17 anos, depois disso, o pai chega para o filho e quer que ele estude para “ser alguém na vida”. É muito complicado. É preciso investimento e incentivo.

JC – Quando o tênis de mesa entrou na sua vida?
Cláudio – 
Fiz faculdade de direito e educação física, mas não exerço. Desde criança eu sempre gostei muito de esporte: futebol, vôlei, basquete, tênis… E, quando eu tinha uns 13 anos, alguns amigos me apresentaram o tênis de mesa. Comecei a brincar, a treinar e a me desenvolver. Parei um tempo para fazer faculdade, como eu mencionei que acontece quando o adolescente começa a fazer a transição para a fase adulta. Mas é um vício (risos). Voltei e me profissionalizei em 2008.

JC – Uma derrota.
Cláudio –
 Meu irmão mais velho faleceu em 2008 de pneumonia. Eu fiquei com ele no período de internação. Nesse tempo, ele me confessou que não era feliz por não ter tido coragem de fazer o que amava. E me aconselhou a buscar meus sonhos. Ele faleceu alguns dias depois. A morte do meu irmão foi a maior derrota da minha vida. Foi o que me impulsionou a correr atrás do tênis de mesa. Fiz educação física e, graças a Deus, estou conseguindo seguir a carreira esportiva. Faria tudo outra vez.

JC – Você é o presidente da Associação Nova Era de Tênis de Mesa de Bauru.
Cláudio –
 Sim. O principal objetivo da Associação é desenvolver a modalidade. O tênis de mesa é um esporte muito democrático, onde todos podem jogar, independentemente da sua limitação, tanto é que há atletas paralímpicos que ganham de atletas olímpicos de alto rendimento. Além de ser muito físico, ele é mental. Depois do xadrez, o tênis de mesa é o esporte que mais exige do intelectual.

JC – Qual é sua meta para 2015?
Cláudio – 
Na Classe 10 do paralímpico, estou em 18º do mundo, sou o número 1 das Américas. Estou muito feliz com esse ranking, mas não estou satisfeito. Eu acredito, sim, que é totalmente possível melhorar o ranking e entrar no top 10, que é meu objetivo até o fim de 2015, ou até mesmo fazer parte do top 5, quem sabe um dia. A caminhada é longa, mas vou andar. Estou muito motivado.

FONTE: https://www.jcnet.com.br/Geral/2015/01/entrevista-da-semana-claudio-massad.html

 

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