Ping pong ou tênis de mesa: a realidade do esporte no Brasil
maio 15, 2018 | Por: admin
Com o brilho do tênis de mesa brasileiro – Hugo Calderano, 11º no ranking internacional, e Bruna Alexandre, ouro ...
Com o brilho do tênis de mesa brasileiro – Hugo Calderano, 11º no ranking internacional, e Bruna Alexandre, ouro na Eslovênia – decidi me aprofundar no esporte que muita gente chama de ping pong. Primeira lição: de acordo com a Confederação, ping pong é como a pelada do futebol, cada um dita suas regras; tênis de mesa é o esporte oficial.
O Brasil tem aproximadamente 20 mil jogadores registrados em 350 clubes. Na França há 240 mil em 4 mil clubes e na China, nas 37 províncias, há sempre uma escola para 5 ou 6 modalidades esportivas que inclui tênis de mesa. Cada um desses países tem sua metodologia para formar campeões. Na França, o trabalho de detecção de talentos é um funil: começa com 8 mil crianças entre as quais são selecionadas 800 para posteriormente serem escolhidas 8 ou 10. Com 14 anos, os melhores são convidados a treinar no INSEP, o centro de treinamento do esporte olímpico francês, onde moram, treinam e estudam. Na China, país que venceu 20 dos 56 títulos mundiais disputados desde 1926, a criança é selecionada a partir dos 5 anos de idade e transferida para um colégio interno esportivo onde passa seis dias por semana até atingir a idade para ingressar na Universidade, se tornar um campeão ou profissional da área. Uma particularidade do treinamento chinês é a formação de alunos especializados em imitar o jogo dos grandes campeões; eles atuam como o “sparing” do boxe mas com o propósito de “clonar” o jogo dos líderes mundiais facilitando uma futura disputa contra esses adversários.
No Brasil, o melhor centro de treinamento fica em São Caetano, São Paulo, onde há 14 mesas. Hugo Calderano treina na Alemanha supervisionado por um técnico francês; o custo médio anual para fazer nosso campeão é de 200 mil Euros ( aproximadamente 800 mil Reais), daí a importância dos patrocínios.
Hoje, a Confederação Brasileira já conseguiu alinhar sua didática e processos de treinamento com os clubes internacionais; entretanto, um campeão de alto nível ainda precisa de muito suporte e treino no exterior. Os desafios brasileiros começam pela qualidade dos equipamentos, nada ou pouco é homologado: rede, mesa, raquete etc…
Fiquei surpresa com a complexidade dos materiais envolvidos na produção dos equipamentos: a mesa perfeita é aquela onde a bola quica do mesmo jeito independentemente do ponto atingido (um atleta precisa conhecer a “manha” de cada tipo de mesa); há raquetes para ataque, defesa e controle; em um mês, um jogador de elite troca até 10 vezes a borracha da sua raquete e um par de borrachas custa entre 300 e 600 reais; a madeira da raquete é especial e a cola da borracha, que é a base de água, é obrigatoriamente testada por um detector de vapores para evitar o doping por inspiração.
No Brasil, a Confederação tem sua própria solução tecnológica: sua base de dados registra todos os clubes e atletas nacionais organizando participação e ranking. No mundo, a modalidade ainda não conta com soluções específicas de IOT mas creio que os aplicativos voltados a redução de lesões nos joelhos, como os utilizados pelos ciclistas (https://torqlabs.com/), deveriam ser investigados pelos mesatenistas cuja performance requer manter-se a maior parte do tempo sobre a ponta dos pés girando de um lado ao outro da mesa.
Muito dos equipamentos que a Confederação possuí são frutos do legado da Rio 2016 (boa notícia). Anualmente, há 8 eventos; 2 campeonatos e 6 etapas da Copa Brasil. Devido as atuais restrições financeiras, os eventos serão reduzidos para quatro. O objetivo é desenvolver o esporte de forma a apontar até 4 talentos por ano, fazendo novos Hugos (Hoyama e Calderano), Bruna e outros. No momento faltam recursos mas sobra esperança.
FONTE: https://blogs.oglobo.globo.com
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